Parabéns ao cinema português. Em meados de 1930 são estudadas, pela primeira vez, as condições para a criação de uma indústria cinematográfica em Portugal. Cerca de um ano depois é apresentado um relatório onde, entre outras coisas, é sugerida a criação de um estúdio onde os artistas portugueses poderiam fazer filmes portugueses. Em Maio de 1932 são concluídas as negociações com a Tobis Klangfilm, sendo criada a Companhia Portuguesa de Filmes Sonoros com um capital inicial de 1.000.000$00 que no ano seguinte passou para o dobro, na altura da chegada da aparelhagem de som a Portugal. No dia 17 de Junho de 1933 começam as filmagens de A Canção de Lisboa que a 7 de Novembro estreia no São Luiz com a seguinte frase no cartaz: "O primeiro filme português feito por portugueses". Foi o primeiro filme sonoro português e inaugurou o género da comédia portuguesa que prevaleceu nas décadas de 30 e 40, ao que geralmente chamam a época dourada do cinema português. Curiosamente o realizador era arquitecto e não cineasta, chamava-se José Cottinelli Telmo e foi o seu único filme. Outra curiosidade é o facto do melhor amigo do protagonista (Vasco Santana) ser um jovem Manoel de Oliveira que na altura dava os primeiros passos na realização. Beatriz Costa e António Silva são os outros "principais" neste despoletar da história da 7ªa arte em Portugal. Mal estreou foi um grande sucesso, tanto cá, como no Ultramar e Brasil, o que permitiu pagar logo grande parte das instalações que Tobis estava a construir. As músicas ficaram de imediato no ouvido e na boca das pessoas e até os cartazes do Almada Negreiros fizeram sucesso. Obviamente está muito deslocado do nosso tempo, mas quem não viu não faz mal em ver. Imaginem a altura e os meios ao dispor. Os actores estão muito bem, há piadas que não ficam velhas e a música popular é um catalisador para a boa disposição que o filme transmite. Talvez não seja o melhor do género, mas é um dos melhores. Chapéus há muitos, mas filmes destes não. Nota: 7,5/10
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