O jogo começa com um meteoro a chocar com o planeta, propagando matéria orgânica pelos oceanos. O jogador começa com um ser muito simples e começa por escolher comer outros seres, vegetação, ou ambos. A criatura vai crescendo, vão-se ganhando pontos de DNA que são usados para acrescentar, por exemplo, uma cauda para nadar melhor, ou espinhos para se defender. Quando o animal já for grande e complexo o suficiente, está pronto para passar para a terra, onde pode desenvolver patas, asas ou outras partes, altura em que, segundo dizem, o jogo começa mesmo a “bombar”. A Electronic Arts criou um software no seu website para “construir” novas criatura, com a finalidade de povoar os planetas de cada jogador com vida, e ao que parece, já vai em 3 milhões de espécies diferentes. Dois biólogos evolucionistas, e professores na Universidade de Yale, Thomas Near e Richard Prum, passaram umas quantas tardes a testar o Spore. Apesar de terem algumas reservas em relação ao projecto, uma vez que a evolução do organismo que controlamos não tem muito a ver com a real evolução das espécies, ambos admiram a maneira como o Spore aborda as grandes questões evolutivas com que os estudiosos se deparam actulamente, como a origem da complexidade. Embora seja muito difícil aplicar num computador a evolução de milhões de espécies durante milhões de anos, a matemática ajudou e muito a estudar a sua dinâmica, começando com simples equações no início do século XX. O uso de modelos científicos actuais, muito mais complexos e sofisticados, apoiados em inúmeros factos e trabalhando com muitas variáveis, a que chamam “game theory”, permite que os organismos evoluam usando diferentes estratégias que serão melhores ou piores face a factores como a selecção natural, a cooperação Humana ou as relações entre parasita e hospedeiro, por exemplo. A evolução não se resume a matar ou ser morto. Se acabarmos por ser um carnívoro, vai haver muitos mortos mas também a necessidade de criarmos alianças. Tal como na realidade, um dos factores que se vai tornando mais complicado ao longo do tempo, é o equilíbrio entre a cooperação e a competição. Esta complexidade organizacional permite-nos passar ao próximo nível. Para além do Dr. Near e do Dr. Plum, vários cientistas já experimentaram o jogo e a opinião é generalizada. É preciso que as pessoas não se confundam e não pensem que a evolução é como uma caminhada unidimensional, desde o ser unicelular ao inteligente, mas sim como uma árvore com milhões espécies, a crescer em diferentes direcções. Os pontos de DNA, não servem sequer de metáfora a uma evolução que se dá com o aparecimento de mutações que se espalham gradualmente pelas populações.
The Science Behind Spore
Dr. Plum: “There’s no progressive arrow that dominates nature.”
Dr. Near: “This may be totally off about how evolution works, but I’d much rather be dealing with a student who says, ‘O.K., I have no problem with evolution; I think about it the same way I think about gravity.’ If it does that, it’ll be great.”
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