quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Six Feet Under

Por onde começar? Mais uma série da HBO (já aqui foi falado dos Sopranos) de enorme qualidade que apesar de já ter terminado há três anos não posso deixar de falar. “Sete Palmos de Terra” teve 32 nomeações para os Emmys, ganhando 7 e 8 nomeações para os Globos de Ouro, dos quais arrecadou 3. Apesar de ser uma série dramática conta-nos a história de uma família disfuncional de Pasadena, L.A., donos de uma casa funerária “familiar”, a “Fisher & Sons”, ao longo de 5 temporadas, com expressos rasgos de comédia negra. A série começa com a morte de Nathaniel Fisher (Richard Jenkins), o patriarca da família, o que faz com que o seu primogénito Nathaniel “Nate” Fisher Jr. (Peter Krause) que há muito abandonara a casa, acabe por ficar a gerir o negócio com o seu irmão David (Michael C. Hall). Para além destes, há ainda a mãe Ruth (Frances Conroy) e a irmã Claire (Lauren Ambrose). Ao longo das várias temporadas conhecemos inúmeras personagens que se vão relacionando que eles, mas há, pelo menos, mais três regulares que nos acompanham da primeira à última. Federico Diaz (Freddy Rodriguez) trabalha para eles e é o mestre na reconstituição dos corpos para o funeral, Brenda Chenowith (Rachel Griffiths) que ora é, ora não é namorada de Nate e Keith Charles (Matthew St. Patrick), o namorado de David.

A série é da autoria de Allan Ball, o homem que escreveu o argumento do American Beauty, e tornou-se numa das mais aclamadas da década. O facto de acompanharmos o dia-a-dia de uma família que lida com a morte a todo o instante e de testemunharmos o reflexo disso nas suas próprias vidas, é um conceito singular e excêntrico que atraiu um grande número de seguidores, originando um pequeno fenómeno de culto à sua volta. Os temas tratados vão do mais convencional ao mais subversivo e apanham-nos muitas vezes desprevenidos, na maneira surrealista como são revelados ou combinados. Há também um realismo mágico muito presente nos sonhos que as várias personagens vão “vivenciando” e nas conversas com alguns mortos, representando o confronto com problemas passados que ficaram por resolver ou diálogos internos que às vezes preferimos não ter. As relações familiares, extra-familiares, a infidelidade, a homossexualidade, a religião, a filosofia, a doença, a adopção, as drogas, a arte, a psicologia, o sexo, a amizade, em volta do tema da morte, das suas causas e consequências. Em suma, o nascimento, a morte e o renascimento, o ciclo da vida em constante movimento.

Não acompanhei a série quando passou cá porque não parava em casa. Na altura fiz por não ver nem um episódio para poder ver tudo de rajada. Tudo correu como esperado e já compreendo o pessoal que vota dez às séries de TV. A minha nota: 10/10. Para terem uma melhor ideia vale mais postar algumas frases do Allan Ball, numa entrevista da altura:

Acerca do conceito da série:

"Who are these people who are funeral directors that we hire to face death for us? What does that do to their own lives - to grow up in a home where there are dead bodies in the basement, to be a child and walk in on your father with a body lying on a table opened up and him working on it? What does that do to you?"

A família Fisher como resposta às perguntas colocadas:

"Six Feet Under refers not only to being buried as a dead body is buried, but to primal emotions and feelings running under the surface. And when one is surrounded by death it seems like to counterbalance that, there needs to be a certain intensity of experience, of needing to escape. It’s Nate with his sort of womanizing; it’s Claire and her experimenting with dangerous boys and dangerous drugs; and it’s Brenda’s whole sexual compulsiveness; it’s David having sex with a hooker in public; it’s Ruth having affair after affair; it’s the life force trying to push up through all of that suffering and grief and depression."

Um comentário:

Angelo Gomes disse...

É um retrato intenso que mudou a minha vida. Sem duvida um dos melhores trabalhos de TV que ja tive o prazer de ver. Criei laços com as personagens e, quando a serie acabou, dei por mim a viver um sentmento de perda, dado o seu realismo desconcertante. Genial!

Para já aguardo o regresso de Lost...