No esperado regresso aos palcos dos Portishead os fãs esgotaram o Coliseu do Porto e mostraram devoção a uma das mais emblemáticas bandas dos anos 90. A nostalgia dos temas antigos misturou-se com a hipnose das músicas novas.
No primeiro concerto da digressão de apresentação de Third, os Portishead arriscaram tocar oito músicas de um álbum que ainda não está disponível no mercado e do qual só se conhece, legalmente, o single Machine Gun.
Silence, do novo álbum dá inicio a um dos concertos da minha vida (eu já sabia isso à muito), meia hora depois do previsto. Seguiu-se, tal como alinhamento do álbum, a balada Hunter, e à terceira lá veio um "clássico", Mysterions (retirado do primeiro e memorável Dummy, 1994).
Pelo meio recordaram, The Rip, Glory Box e Numb, seguido de Magic Doors, Wandering Star (um dos melhores momentos da noite, numa versão sem batida e com a substituição da melodia final do moog pela voz de Gibbons) e Machine Gun.
Até ao final do set ainda se ouviu Over, Sour Times, Only You, Nylon Smile e que terminou com um quase inaudível (pela força dos aplausos) pedido de desculpas de Gibbons.
O encore foi demolidor: Threads pôs o Coliseu em sentido, em especial quando Gibbons a terminou em sonoro desespero, seguido desse pedaço de mitologia urbana que dá pelo nome de Roads e, para acabar, a hipnose de We Carry On (uma das melhores do Third), com Gibbons algures no início da plateia.
Com papéis definidos na construção deste mundo, o arquitecto de som Geoff Barrow, o guitarrista Adrian Utley e a enigmática Bett Gibbons complementam-se e não se confrontam, mesmo que não se comuniquem. Ali, cada um sabe o que fazer e a mensagem passa para o público. Não são necessárias boas-vindas, discursos de ocasião ou frases feitas.
Nota negativa para:
- Os gritos histéricos no fim de cada refrão de Glory Box, palmas a compasso numa versão guitarra-baixo-voz de Wandering Star soam a absoluto desnexo quando batidas para acompanhar frases como «Can't anybody see/We've got a war to fight/Love will find our way/Regardless of what they say/How can it feel this wrong?(...)».
- As geringonças que foram filmando o início e as músicas mais conhecidas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário