sábado, 15 de março de 2008

Age Before Beauty

“Hoje tenho quarenta anos, a azia ataca-me amiúde e sinto-me bem com este anoraque. Intrigam-me estes jovens adultos que ainda nem usam camisa e já pensam que podem mudar o Mundo! As mudanças nem sempre são necessárias e fazem-me sentir, um sem número de vezes, desajustado. A hipocrisia tem destas coisas, nada que um exercício pré-marital não componha. Ah!... Chacota, desdém e cara séria, tenho trinta anos e muitos calos nas mãos (como sabe bem dizer isto)! Só não entendo tudo o que é diferente de mim... suporto, mas tenho pena por ser invariavelmente pior. Não simpatizo com quem acha melhor pensar mal sobre quem não entende a diferença, por temer a mudança e não ver a dissemelhança entre a desejada e a necessária. Tenho sessenta anos e já não vai mais do que esta sopa. Faço um check-up aos que passaram e dou conta que sou mais cabrão que nunca. Sempre critiquei tudo e todos que não gostava, até o que me era indiferente merecia a devida rejeição. Sempre tentei deixar de parte os idosos e os inválidos, mas agora que me sinto um verdadeiro ancião, sinto-me também puro escárnio e quanto aos insuficientes, têm quase todos mais anos de vida pela frente do que eu... Resta-me descansar em paz, a dizer que não disse o que realmente disse, ou a negar que isso fosse dirigido a este ou àquele, até ao momento do Juízo Final, altura ideal para ser recompensado por todos os meus prazenteiros pecados. A Humanidade é burra e nunca se vai aperceber disso, a melhor prova é esta afirmação.”

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