sexta-feira, 28 de março de 2008

Mais 10 música para ouvir antes de ficar surdo

Aqui estão mais 10 músicas. Como ía ser díficil a escolha, limitei-me ao rock da década de 60. Passo o testemunho.


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quinta-feira, 27 de março de 2008

Entre a Nostalgia e a Excitação


No esperado regresso aos palcos dos Portishead os fãs esgotaram o Coliseu do Porto e mostraram devoção a uma das mais emblemáticas bandas dos anos 90. A nostalgia dos temas antigos misturou-se com a hipnose das músicas novas.

No primeiro concerto da digressão de apresentação de Third, os Portishead arriscaram tocar oito músicas de um álbum que ainda não está disponível no mercado e do qual só se conhece, legalmente, o single Machine Gun.

Silence, do novo álbum dá inicio a um dos concertos da minha vida (eu já sabia isso à muito), meia hora depois do previsto. Seguiu-se, tal como alinhamento do álbum, a balada Hunter, e à terceira lá veio um "clássico", Mysterions (retirado do primeiro e memorável Dummy, 1994).

Pelo meio recordaram, The Rip, Glory Box e Numb, seguido de Magic Doors, Wandering Star (um dos melhores momentos da noite, numa versão sem batida e com a substituição da melodia final do moog pela voz de Gibbons) e Machine Gun.

Até ao final do set ainda se ouviu Over, Sour Times, Only You, Nylon Smile e que terminou com um quase inaudível (pela força dos aplausos) pedido de desculpas de Gibbons.

O encore foi demolidor: Threads pôs o Coliseu em sentido, em especial quando Gibbons a terminou em sonoro desespero, seguido desse pedaço de mitologia urbana que dá pelo nome de Roads e, para acabar, a hipnose de We Carry On (uma das melhores do Third), com Gibbons algures no início da plateia.

Com papéis definidos na construção deste mundo, o arquitecto de som Geoff Barrow, o guitarrista Adrian Utley e a enigmática Bett Gibbons complementam-se e não se confrontam, mesmo que não se comuniquem. Ali, cada um sabe o que fazer e a mensagem passa para o público. Não são necessárias boas-vindas, discursos de ocasião ou frases feitas.

Nota negativa para:

- Os gritos histéricos no fim de cada refrão de Glory Box, palmas a compasso numa versão guitarra-baixo-voz de Wandering Star soam a absoluto desnexo quando batidas para acompanhar frases como «Can't anybody see/We've got a war to fight/Love will find our way/Regardless of what they say/How can it feel this wrong?(...)».

- As geringonças que foram filmando o início e as músicas mais conhecidas.

Simão Sabrosa............e o/a Tuxa

Em jeito de homenagem a esse grande benfiquista (Volta, precisamos de ti) e transmontano já agora. E porque a miséria de ontem só dá pra rir.



E ele tem mesmo unjolhos de....

Já agora depois de ver este vídeo e graças às maravilhas do youtube, descobri outros momentos televisivos deliciosas destra grande personagem que é a Tuxa.



E este aqui mais antigo quando ainda existia noites marcianas e a Tuxa sonhava com ir a Londres meter umas mamas novas, fazer a operação em baixo e ficar sem barba.



Fica aqui a petição para quem descobrir mais coisas da Tuxa ou já tiver assistido a alguma das suas performances que contacte. Esta querida merece mais espaço na TV Portuguesa.

Algumas questões pertinentes em Cosmologia - parte 1


O que é a Cosmologia?

A Cosmologia é a ciência que estuda o Universo como um todo, incluindo o seu nascimento e o seu destino final. É a área do conhecimento que se dedica ao estudo da natureza, origem, estrutura e evolução do Universo.

O que é o Modelo Cosmológico Padrão?

A designação de Modelo Cosmológico Padrão ou simplesmente Modelo Padrão (ou vulgarmente modelo do big-bang) tem um significado na Cosmologia. Por um lado é um “modelo” porque não nos dá uma resposta final, por outro, o termo “padrão” significa que existem uma quantidade apreciável de factos observacionais que o suportam, tornando-o uma boa aproximação do que se passa na realidade.

Actualmente qual é o Modelo mais aceite para o Universo?

Acredita-se que o Universo, com 13.7 mil milhões de anos de idade, tem geometria plana, começou num big-bang e vivemos numa época em que a sua expansão está a acelerar.


O que é a teoria do Big-Bang?

A teoria do big-bang diz que o universo foi bastante quente e denso num passado distante e, desde então, o espaço tem vindo a expandir e a arrefecer. Esta é a única teoria que explica com sucesso as observações feitas pelos astrónomos e cosmólogos.

Quais as observações que suportam o Big-Bang?

Como em qualquer teoria científica, não há provas de que o Big-Bang existiu. Mas existem alguns dados observacionais que sustentam esta teoria. Entre os quais destacam-se:
A Lei de expansão de Hubble. Os astrónomos observam que as galáxias se afastam umas das outras devido a uma expansão do próprio espaço;
Os astrónomos observam que, em larga escala, o universo é homogéneo e isotrópic0;
Existência da radiação cósmica de fundo que segue uma distribuição de um corpo negro. Esta radiação foi libertada numa época em que o universo arrefeceu o suficiente para que a matéria e radiação deixassem de estar em equilíbrio térmico. A radiação cósmica de fundo foi prevista mesmo antes de ser detectada;
As abundâncias observadas de elementos leves (Hidrogénio, Hélio e Lítio) estão de acordo com o que foi calculado para uma fase primordial do universo em que a temperatura seria tão elevada que os processos de fusão nuclear só permitiram a formação desses elementos químicos.

O que aconteceu antes do big-bang? O que aconteceu no momento do big-bang?

Estas são duas questões ainda ninguém sabe responder. Para que se possam responder provavelmente terá de haver uma teoria unificada, que “combine” a teoria da gravidade de Einstein e a teoria quântica. Sabe-se que a teoria da gravidade não se aplica às condições existentes no momento do big-bang.


To be continued...















PS: Ficaram ainda com mais dúvidas não foi?

quarta-feira, 26 de março de 2008

O que é que querem?

"Qualquer apreciação artística leva àquele argumento que defende cada gosto como incontestável. Se discutem, não existem pessoas mais entendidas, ou então as outras auto-intitulam-se de burras. Faz lembrar as moscas à volta da merda. Um assunto que julgam entender, ou acham que tinham obrigação de saber, deixa-os agressivos à procura de resposta, como se se exigissem isso, pondo o terceiro calhau em cima das costas. O que é que a imagem deles vale, realmente, na presente sociedade? Ah... na actual é mais destapada, mas só à primeira vista. Traem-se por prazer. Primeiro tentam esconder, depois acham melhor mostrar e acabam por fazê-lo à cara podre. O anoitecer é um bom pretexto. Também há quem se mostre desde inicio, porque é fraco quem esconde, mas só mostram o que lhes permitem e pensam que o restante permaneceu intacto. Alimentam-se do ar, esforçam-se muito e cansam-se na calçada, ficam doentes e sorridentes. Já podem descansar uns dias até voltarem a ser adultos."

segunda-feira, 24 de março de 2008

Fiordes

A explicação científica é muito simples, mas sempre achei brutal este fenómeno geológico e assim meto aqui umas quantas fotos. Gostava muito de o estar a fazer na secção das Saídas, mas infelizmente não posso. Basicamente, os fiordes são escavações nas montanhas, provocadas pelo degelo durante a última Era Glaciar. Isto passou-se há cerca de 12 mil anos, altura em que o movimento da água, desde as regiões mais altas até ao mar, provocaram a erosão nas montanhas e lhes conferiram um relevo mais próximo do actual, normalmente em forma de U. Estas escavações chegam a atingir centenas de quilómetros, da costa para o interior. Os mais conhecidos são os da Noruega, Islândia e Gronelândia, mas também os podemos encontrar na Suécia, nas Ilhas Faroe, na Irlanda, no Canadá, no Alaska, no Chile ou na Nova Zelândia.


Scoresby Sund (350 Km) – O maior fiorde do planeta, na costa da Gronelândia, vê-se em baixo, na imagem

Geirangerfjord – Noruega

Mirante Flydasjuvet e também o Pico de Danlsnibba na Noruega

Union Hotel no fiorde de Geiranger na Noruega

Não acrescenta nada, mas lembro-me que quando fui para a escolinha, pensava que os fiordes da Noruega eram os títulos que davam aos fidalgos lá do sítio.

domingo, 23 de março de 2008

Tasco Review: Associação Montiagra do Amial



Caros Leitores:

Este blog é escrito por pessoas que apreciam profundamente os prazeres da boa mesa, e é nesse intuito que vos escrevo uma breve coluna sobre Gastronomia e review dos melhores restaurantes, casas de alterne, roullottes de cachorros e tascos que nem a ASAE sabe que existem do nosso Portugal
É então assim que passo a falar-vos de um dos melhores tascos groumet (se é que a classificação existe) do Porto, falo-vos do restaurante da Associação Cultural e Desportiva Montiagra do Amial.

Note-se que actividade da dita Associação não se resume a isto: há todo um outro conjunto de actividades como o Andebol Feminino (http://www.fotolog.com/pontofixo – força aí Leoas estamos convosco!), Xadrez, Pólo a Cavalo, Bridge. Malha, Sueca, Curling e Bisca dos Nove.
Mas vamos ao que interessa: o tasco fica na cave de uma bela casa Art Nouveau ali para os lados da Arca d’Água, passamos por um sinal que diz “ASAE não obrigado!” (brincadeirinha!) e entramos numa acolhedora sala com um encantador (e aposto que eterno) cheiro a cerveja derramada. A recepcionista, com unhas de gel e bronzeado de solário, rapidamente nos encaminha: “sentem-se onde lhes der, e já agora levem os talheres!” .
Sentamo-nos numa espécie de salão de baile: na televisão passa a última derrota do FCP até que alguém que passa muda para a SporTV2 com algum enfado, do tecto pende uma bola de espelhos que já teve os seus dias.
A ementa, que é comunicada por via oral, consiste numa variada escolha entre: Cachorro, francesinha ou bitoque. Escolho o bitoque com ovo e batatas fritas. Para acompanhar uma “super bock” reserva lote 123.34.5 de Novembro passado, um ano excelente se me permitem dizer! As batatas estão bem fritas, suspeito no entanto que o ovo estrelado estrelou com elas no mesmo óleo. Quanto ao bife: é surpreendentemente tenro, vê-se que foi violentamente sovado sem no entanto estar ressequido. Não é que seja a melhor cozinha, nem o melhor ambiente e provavelmente ninguém quer saber que segredos tenebrosos se escondem por entre a gordura acumulada atrás do fogão destes senhores, mas estamos a pagar 4,5€ não se pode pedir mais!


Enogastroendrocrinologicamente vostro


Resumo:

Comida: 7/10 tendo em consideração que eu não conseguia fazer melhor, falhou no ovo estrelado que estava queimado

Bebida: 9/10 como digo a Super Bock era a melhor possível, só que não me deram copo

Atendimento: 2/10 apesar da moça que nos mandou por a mesa ter unhas de gel e bronzeado de solário não usava mais do que um mero 34 de soutien nem tinha decote pelo que tenho de dar um chumbo.

Ambiente: 8/10 nem se esqueceram de por um senhor com os copos à porta para parecer mais típico.

Instalações Sanitárias: 1/10 não pude entrar uma vez que fui interpelado por uma barata que me ameaçou com gonorreia e hepatite se eu ousasse aproximar-me do urinol

Apreciação global, em escala terradeidiotas: ####[ (quatro sinais de cardinal e um parêntese recto – cujo significado ainda não foi decidido)

sexta-feira, 21 de março de 2008

John Hughes - Parte II

Em 1986 salta para a ribalta Matthew Broderick no papel de Ferris Bueller em "Ferris Bueller's Day Off", por cá intitulado de "O Rei dos Gazeteiros". Ferris é o espertalhão da turma e resolveu desta vez enganar toda a gente fazendo-se passar por um doente quase à beira da morte. O director da escola conhece o feitio de Ferris mas nunca o conseguiu apanhar, e até a irmã se irrita com as suas partidas, uma vez que em frente aos pais ele é um anjinho. Mas com o dia todo pela frente mais vale ir curtir com o amigo e a namorada, e porque não com o Ferrari do pai. Juntamente com "The Breakfast Club" transformou-se num filme de culto teen, sobretudo pelo facto das personagens serem mais ricas a nível individual e apresentarem uma carga tragicómica significativa (mais presente em "O Clube"), que se opõe por completo à superficialidade patente nas personagens que integram o grosso da comédia adolescente actual. Nesse ano foi ainda argumentista de "Pretty in Pink"(1986) e em 1987 saiu "Some Kind of Wonderful" também escrito por ele. Com a popularidade destes filmes, e de outros do mesmo género, que surgiram com maior incidência nessa década, surgiu o termo "Brat Pack" para rotular um grupo de jovens actores que apareciam juntos em vários filmes do género: Emilio Estevez, Anthony Michael Hall, Demi Moore, Molly Ringwald, Judd Nelson, Rob Lowe, Andrew McCarthhy e Ally Sheedy. O final da década chegou de mãos dadas com o final da sua carreira como realizador. “Planes, Trains & Automobiles” de 1987, com Steve Martin e John Candy foi bem acolhido pela generalidade do público, mas as críticas foram piorando com filmes como “She’s Having a Baby” de 1988 (comédia romântica com Kevin Bacon e Elizabeth McGovern) e “Uncle Buck” de 1989 (de novo com John Candy acompanhado por Macaulay Culkin), levando mesmo Hughes a pôr de lado a pasta de realizador, depois da estreia do dispensável “Curly Sue” (1991) com James Belushi. Apesar de não voltar a trabalhar por trás da câmara, o seu trabalho como argumentista e produtor continuou a dar-lhe alguns sucessos, pelo menos de bilheteira. Dedicando-se sobretudo a entreter os mais novos, assinou os argumentos de “Home Alone” (os dois primeiros de 1990 e 1992, que transformaram Macaulay Culkin num fenómeno instantâneo. De assinalar a presença de Joe Pesci e Daniel Stern no papel dos “bandidos molhados”. Ainda chegou a escrever o terceiro em 1997), “Beethoven” (1992), “Dennis the Manace” (1993), “Baby’s Day Out” (1994), 101 Dalmatians (1996) e “Flubber” (1997) entre os mais significativos. Depois dum início auspicioso que marcou uma geração, John Hughes acabou por se tornar um ilustre desconhecido entre os mais novos, sem nunca chegar a convencer os mais velhos… estranha década, essa.

quinta-feira, 20 de março de 2008

Edvard Munch

12.12.1863 - 23.01.1944

Edvard Munch foi um dos pintores mais influentes dos últimos séculos como um dos precursores do expressionismo alemão, apesar de ser norueguês. Estudou em Oslo onde foi influenciado por nomes como Courbet, Manet, Ibsen e Bjornson que conferiram ao inicio da sua obra um cariz predominantemente social. Depois desta fase, Munch vira-se para si e começa a pintar a dor, a doença, o sofrimento, a solidão, o desespero e a morte que o acompanharam durante a sua infância. Munch que perdera a mãe, duas irmãs e tinha ainda outra com deficiência mental, deu início a esta temática em 1885 com “A Rapariga Doente”. Mais tarde conheceu a obra de Van Gogh e Gauguin, e em 1892 marcou a história da arte alemã e a sua carreira, quando foi convidado a expor em Berlim e deu início a um projecto intitulado “O Friso da Vida”. Munch, que tinha sido influenciado por um estilo pós-impressionista, não se queria limitar a pintar a realidade externa, mas queria que as suas telas fossem mais emocionais, que representassem um estado de espírito, queria criar uma atmosfera mais tensa e intensa, queria ser mais expressivo. Em 1893 pintou a sua obra mais famosa, “O Grito”.

O simbolismo que Munch confere à sua obra conduz às mais variadas interpretações dos apreciadores, mas a instabilidade emocional do autor é patente nas suas telas. Alguns historiadores de arte defendem que o tom avermelhado no fundo, representa o efeito da atmosfera ao entardecer, depois da erupção do vulcão da Indonésia, na Cracatoa. O Grito foi proibido pelo regime nazi (denominado de arte demente), bem como o resto da sua obra. Tornou-se mais tarde um ícone da cultura popular, quase ao nível da Mona Lisa de Da Vinci, sendo um dos quadros mais produzidos de sempre, apareceu na Time Magazine, foram comercializados bonecos insufláveis, entra por duas vezes na série “The Simpsons”, num episódio de "Beavis and Butt-Head", Andy Warhol realizou uma série de trabalhos dedicados à obra e foram feitos filmes como a série “Scream” e a “Scary Movie” em que máscara do assassino apresenta uma semelhança evidente. A sua popularidade levou a que fosse roubado por diversas vezes, tendo sido recuperado em Agosto de 2006. Durante esta fase, Munch envolveu-se num círculo de artistas, escritores e críticos, entre os quais se incluía Strindberg, e começou a interessar-se pela gravura, começou a fazer litografias e também fotografias. A bebida excessiva, as alucinações e o sentimento de perseguição, fizeram com que fosse internado numa clínica onde fez uma terapia à base de choques eléctricos, e donde saiu oito meses depois menos pessimista e mais interessado pela natureza e as suas cores. Em 1914 inicia um projecto para a decoração da Universidade de Oslo e termina a sua carreira, fazendo das suas últimas obras uma espécie de resumo das preocupações da sua existência. Um dos meus quadros preferidos dele chama-se Madonna (1894-1985) e está em baixo.

Para os mais interessados têm aqui estes links:

Museu Munch

Edvard Munch

Galeria Virtual

Pirataria? Sim, obrigado.



Sejamos francos a internet é uma imensa mediateca virtual onde quase tudo está disponível e melhor que tudo à borla. Música, filmes, software, até livros técnicos, tudo isto ao alcançe de um click e ao preço fantástico de zero, zero euros.
Depois dos Radiohead, aquela banda que todos nós adoramos, ter lançado o seu último álbum, In Rainbows, de forma quase que gratuita (paga aquilo que quiseres pagar), a discussão sobre novas formas de distribuição da música tem estado ao rubro, com defensores e detratores desta nova revolução a esgrimirem os seus argumentos. Eu com toda a franqueza, apesar de ainda comprar música em suporte físico (mais vinis e só de vez em quando), sou pró-pirataria e "saco" compulsivamente. O meu gosto eclético e prazer de ouvir música nova não se coaduna com os euros que tenho para gastar, além de que a maioria desses álbuns, EPs, singles, nem sequer estão disponíveis em Portugal, exceptuando algumas lojas com gosto (A Fnac é uma miséria em música). E o exemplo dos Radiohead e outros que se lhe seguiram mostra que o gratuito pode ser rentável e deixa a indústria e as grandes editoras que ao longo de anos e anos controlaram o preço da música, além de manipularem gostos e de consistentemente nos tentarem impingir música digamos que meia merdosa, à nora. Para estarem mais a par com esta revolução digital sugiro que visitem este excelente site português dedicado à causa.
Falando agora de filmes, circula por aí um excelente documentário chamado Good Copy Bad Copy, que aborda estes assuntos de uma forma curiosa expondo a globalidade da revolução digital, indo desde o fenómeno dos mash-ups ao techno brega brasileiro, à indústria do cinema nigeriano e a batalha legal na Suécia contra o site The Pirate Bay. O filme pode ser visto directamente no site oficial ou descarregado no site de torrents Pirate Bay (a uma velocidade incrível acrescente-se).
Outro fenómeno muito interessante e a desenvolver-se com grande dinâmica são as netlabels, editoras exclusivamente digitais, a maioria delas disponibilizando música gratuita, socorrendo de donativos para apoiar os artistas e elas próprias e, que já conseguem editar música com muita qualidade. A área da electrónica é a que dispõe de maior variedade, também é a minha onda e é a que tenho prestado mais atenção, destacando eu a tuga Test Tube, a archipel de Jesse Somfay (excelente Ep do luso-finlândes Zentex) e provavelmente a mais falada Thinner. Fica aqui também um directório de netlabels para quem quiser explorar.
Agora a parte pirataria descarada com uns quantos links de sítios onde se pode encontrar música via sites de alojamento temporário tipo rapidshare ou megaupload (muito rápidos portanto). Já não se pedem discos emprestados, pede-se o nome e depois saca-se.
Shareminer (motor de busca tipo google só para música)
AvaxHome (gigante base de dados com todo o tipo de stuff, filmes, música, séries, livros)
Bolachas Grátis (blog tuga de música)
Basic_Sounds (electrónica)
Mais um de electrónica.

De resto pesquisem, partilhem e desfrutem desta revolução digital. Ah e de vez em quando apoiem os artistas, saiam de casa e vão a concertos.

Já agora, boa ideia zé e seria engraçado se todos os intervenientes aderissem e postassem aqui o seu top10. Se não for de música pode ser de qualquer outra coisa, filmes, jogos, clubes de futebol, encontros sexuais, partes do corpo...

terça-feira, 18 de março de 2008

10 músicas que deves ouvir antes de ficar surdo

Depois de ver este tão catita mp3 player que o nosso amigo capitãotimor nos apresentou resolvi mostrar-vos uma lista na qual ando a pensar já à algum tempo. Todos nós ouvimos centenas e centenas de canções desde gingles comerciais a genéricos a musicas da rádio... mas afinal dessas canções todas quantas delas nos tocaram realmente? E dessas quantas é que não são uma mera associação com um momento de felicidade... enfim quantas delas cabem na sempre complicada definição de obra de arte?

Assim aqui vos deixo 10 músicas que são para mim verdadeiras obras de arte, e sim! eu acredito que ouvi-las com moderação faz de nós pessoas melhores:


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domingo, 16 de março de 2008

John Hughes - Parte I

O nome pode parecer desconhecido para alguns, mas trata-se do grande impulsionador dos teen movies na década de 1980. Apesar de ser um subgénero que tem, à partida, muito pouca relevância artística, tem, por outro lado, um grande peso na indústria cinematográfica actual. O jovem John Hughes começou por escrever para a revista National Lampoon que mais tarde passou também a produzir comédias para o grande ecrã, e contou com ele como um dos principais argumentistas. Estreou-se com "Class Reunion" (1982), ao qual se seguiu "Mr. Mom" (1983) com Michael Keaton, mas foi o argumento de "Vacation" (1983) a grande rampa de lançamento da sua carreira. Chevy Chase interpretava o papel principal, ele que foi um dos comediantes norte-americanos mais importantes da década de 1980, após se ter tornado incontornável no pequeno ecrã, juntamente com John Belushi, Dan Aykroyd entre outros (Bill Murray estreou-se após ele ter saído), na estreia do excelente "Saturday Night Live" em 1975, programa que ainda se mantém no activo. Com o sucesso de "Vacation", John Hughes escreveu ainda duas sequelas (que não foram as únicas) "European Vacation" (1985) e "Christmas Vacation" (1989), altura em que já se tinha íniciado na realização. Em 1984 surge então "Sixteen Candles", sobre uma rapariga (Molly Ringwald) que faz nesse dia 16 anos, facto esquecido pela família que está mais preocupada com o casamento da irmã. Para além disso, a rapariga está caídinha pelo rapaz mais popular da escola enquanto o maior cromo está apaixonado por ela. Esta tornou-se a história mais repetida nas comédias românticas juvenis e o John Hughes, principalmente a seguir ao seu segundo filme como realizador: "The Breakfast Club" (1985), um dos poucos realizadores a obterem merecido respeito na área dos teen movies. "The Breakfast Club" que em Portugal foi denominado de "O Clube" mostra a relação entre 5 alunos, de diferentes personalidades claramente estereotipadas, que passam o sábado de castigo, na biblioteca da escola, a escrever um trabalho para o director. As relações, entre o rufia, o marrão, o desportista, a rapariga popular e a anti-social, vão melhorando ao longo das 8 horas que se encontram juntos, à medida que dão conta que não são tão diferentes como pensavam. No mesmo ano estreia "Weird Science" (1985) que conta a história de dois adolescentes pouco populares que tentam criar uma bela mulher através do computador e colmatar, assim, a falta de atenção dada pelas colegas.

sábado, 15 de março de 2008

The Raven - Parte III



O CORVO (continuação)

"Profeta", disse eu, "profeta - ou demônio ou ave preta! -
Fosse diabo ou tempestade quem te trouxe a meus umbrais,
A este luto e este degredo, e esta noite e este segredo
A esta casa de ânsia e medo, dize a esta alma a quem atrais
Se há um bálsamo longínquo para esta alma a quem atrais!"
Disse o Corvo, "Nunca mais".

"Profeta", disse eu, "profeta - ou demônio ou ave preta! -
Pelo Deus ante quem ambos somos fracos e mortais,
Dize a esta alma entristecida, se no Éden de outra vida,
Verá essa hoje perdida entre hostes celestiais,
Essa cujo nome sabem as hostes celestiais!"
Disse o Corvo, "Nunca mais".

"Que esse grito nos aparte, ave ou diabo", eu disse. "Parte!
Torna à noite e à tempestade! Torna às trevas infernais!
Não deixes pena que ateste a mentira que disseste!
Minha solidão me reste! Tira-te de meus umbrais!
Tira o vulto de meu peito e a sombra de meus umbrais!"
Disse o Corvo, "Nunca mais".

E o Corvo, na noite infinda, está ainda, está ainda,
No alvo busto de Atena que há por sobre os meus umbrais.
Seu olhar tem a medonha dor de um demônio que sonha,
E a luz lança-lhe a tristonha sombra no chão mais e mais.
E a minh'alma dessa sombra que no chão há de mais e mais,
Libertar-se-á... nunca mais!

Fim

Age Before Beauty

“Hoje tenho quarenta anos, a azia ataca-me amiúde e sinto-me bem com este anoraque. Intrigam-me estes jovens adultos que ainda nem usam camisa e já pensam que podem mudar o Mundo! As mudanças nem sempre são necessárias e fazem-me sentir, um sem número de vezes, desajustado. A hipocrisia tem destas coisas, nada que um exercício pré-marital não componha. Ah!... Chacota, desdém e cara séria, tenho trinta anos e muitos calos nas mãos (como sabe bem dizer isto)! Só não entendo tudo o que é diferente de mim... suporto, mas tenho pena por ser invariavelmente pior. Não simpatizo com quem acha melhor pensar mal sobre quem não entende a diferença, por temer a mudança e não ver a dissemelhança entre a desejada e a necessária. Tenho sessenta anos e já não vai mais do que esta sopa. Faço um check-up aos que passaram e dou conta que sou mais cabrão que nunca. Sempre critiquei tudo e todos que não gostava, até o que me era indiferente merecia a devida rejeição. Sempre tentei deixar de parte os idosos e os inválidos, mas agora que me sinto um verdadeiro ancião, sinto-me também puro escárnio e quanto aos insuficientes, têm quase todos mais anos de vida pela frente do que eu... Resta-me descansar em paz, a dizer que não disse o que realmente disse, ou a negar que isso fosse dirigido a este ou àquele, até ao momento do Juízo Final, altura ideal para ser recompensado por todos os meus prazenteiros pecados. A Humanidade é burra e nunca se vai aperceber disso, a melhor prova é esta afirmação.”

quarta-feira, 12 de março de 2008

Terra de Idiotas vol.1

Aqui fica uma pequena compilação subordinada ao título do blog. Começa com Iggy Pop e o seu álbum clássico The Idiot de 1977, passa pelo trovador Bob Dylan, os suecos The Hives e o seu punk moda funk, o arauto do techno atmosférico James Holden e termina com os grandes Radiohead e o seu Idioteque ou Idioteca ou Espaço onde se guardam idiotas ou terra de idiotas.......




Ps: Em vez de ficar como um post, este pequeno leitor pode ser colocado na barra lateral e atualizado frequentemente. Adminstrador contacte para mais pormenores.

Bansky , graffiti e arte urbana





Não me considerando especialista ou conhecedor do mundo das artes, não tenho amigo(a)s artistas pseudo ou não, não faço parte de nenhuma "cena", nem sequer sou convidado ou vou a inaugurações de galerias. Também não percebo assim tão bem o que é uma performance ou uma instalação, e já assiti a algumas, apenas sou daquelas pessoas que diz se gosta ou não. Esta pequena e irrelevante introdução só para que não me rotulassem de pretencioso no primeiro post como convidado de uma terra de idiotas que apesar de não ser a minha (é mais de parolos) sinto bastante afinidade. E ver aqui terra como concepto e não como espaço físico.
Vamos lá ao que interessa. Se há alguém que posso considerar um génio dentro daquilo que conheço na arte contemporânea essa pessoa ou entidade é BANSKY. Digo pessoa pois ninguém conheçe a verdadeira identidade do artista. A principal tela de Bansky é a rua. Bansky é um graffiter, como milhares que andam por aí e que borram as paredes com tintas, umas vezes com talento, a maior parte com merda. Pois a Bansky talento não lhe falta. Movendo-se no terreno do stencil, o que permite reproduções rápidas e técnica reduzida, tem sido figura maior deste tipo de arte urbana, chegando mesmo a ser plagiado de tal icónicas que se tornam as suas imagens.


A base do trabalho é o humor, a ironia e o activismo político, muito anti-sistema, anti-hipocrisia e pró guerrilha, ficou famoso por colocar quadros seus bastante subversivos em museus ingleses (National Gallery p.e.) e esperar quanto tempo demoravam as autoridades a descobrir a fraude. Ultimamente teve uma exposição de sucesso massivo em L.A., as estrelas adoraram-no e parece que a Angelina Jolie comprou quase tudo por um balúrdio e, levou a sua ironia ao muro da vergonha construído entre Israel e a Palestina. Bansky Superstar!
Uma curiosidade, exemplo da esquizofrenia saudável que se vive nos nossos dias, foi o facto de uma das obras mais icónicas de Bansky, dois polícias a beijarem-se numa esquina em Londres, ter sido vandalizada. Até aqui nada de novo, se pensarmos que o graffiti pode ser considerado como uma forma de vandalismo da parede alheia, o próprio governo inglês o considera assim. Ora a curiosida está em que os autores da proeza foram julgados e condenados e a obra declarada de interesse público.

Aqui têm uma galeria com imagens e localização no mapa dos trabalhos de Bansky em Londres.

Sobre o graffiti e o graffitismo deixo aqui o link para a wikipédia, onde podem ler acerca da influência do graffiti em artistas com Jean-Michel Basquiat ou Keith Haring, sobre como o graffiti juntamente com o hip-hop (e eles andam quase sempre juntos) se tem torna na forma de arte mais presente na cultura ocidental ou descobrir novas formas de arte urbana, como o GRL (Graffiti Research Lab) com os graffiti luminosos e Led-Throwies (já ouve um em Lisboa).

Fiquem também com uma série de links para descobrir mais e mais imagens.
links
stencil revolution (A bíblia do género. Fantástica galeria de imagens e manual de iniciação ao stencil)
Urbana (Blog de Arte Urbana Tuga)
Os Gémeos (estes brasucas são geniais)
Alexandre Orion (Mistura de Fotografia com Pintura e Graffiti)

terça-feira, 11 de março de 2008

The Raven - Parte II




O CORVO (continuação)

Abri então a vidraça, e eis que, com muita negaça,
Entrou grave e nobre um Corvo dos bons tempos ancestrais.
Não fez nenhum cumprimento, não parou nenhum momento,
Mas com ar sereno e lento pousou sobre os meus umbrais,
Num alvo busto de Atena que há por sobre meus umbrais.
Foi, pousou, e nada mais.

E esta ave estranha e escura fez sorrir minha amargura
Com o solene decoro de seus ares rituais.
"Tens o aspecto tosquiado", disse eu, "mas de nobre e ousado,
Ó velho Corvo emigrado lá das trevas infernais!
Dize-me qual o teu nome lá nas trevas infernais."
Disse o Corvo, "Nunca mais".

Pasmei de ouvir este raro pássaro falar tão claro,
Inda que pouco sentido tivessem palavras tais.
Mas deve ser concedido que ninguém terá havido
Que uma ave tenha tido pousada nos seus umbrais,
Ave ou bicho sobre o busto que há por sobre seus umbrais,
Com o nome "Nunca mais".

Mas o Corvo, sobre o busto, nada mais dissera, augusto,
Que essa frase, qual se nela a alma lhe ficasse em ais.
Nem mais voz nem movimento fez, e eu, em meu pensamento,
Perdido murmurei lento. "Amigos, sonhos - mortais
Todos - todos já se foram. Amanhã também te vais."
Disse o Corvo, "Nunca mais".

A alma súbito movida por frase tão bem cabida,
"Por certo", disse eu, "são estas suas vozes usuais.
Aprendeu-as de algum dono, que a desgraça e o abandono
Seguiram até que o entorno da alma se quebrou em ais,
E o bordão de desesp'rança de seu canto cheio de ais
Era este "Nunca mais".

Mas, fazendo inda a ave escura sorrir a minha amargura,
Sentei-me defronte dela, do alvo busto e meus umbrais;
E, enterrado na cadeira, pensei de muita maneira
Que qu'ria esta ave agoureira dos maus tempos ancestrais,
Esta ave negra e agoureira dos maus tempos ancestrais,
Com aquele "Nunca mais".

Comigo isto discorrendo, mas nem sílaba dizendo
À ave que na minha alma cravava os olhos fatais,
Isto e mais ia cismando, a cabeça reclinando
No veludo onde a luz punha vagas sombras desiguais,
Naquele veludo onde ela, entre as sombras desiguais,
Reclinar-se-á nunca mais!

Fez-se então o ar mais denso, como cheio dum incenso
Que anjos dessem, cujos leves passos soam musicais.
"Maldito", a mim disse, "deu-te Deus, por anjos concedeu-te
O esquecimento; valeu-te. Toma-o, esquece, com teus ais,
O nome da que não esqueces, e que faz esses teus ais!"
Disse o Corvo, "nunca mais".

sexta-feira, 7 de março de 2008

Quer pouco, terás tudo.
Quer nada: serás livre.
O mesmo amor que tenham
Por nós, quer-nos, oprime-nos.

Fernando Pessoa

quarta-feira, 5 de março de 2008

A radiação cósmica de fundo

Durante cerca de três centenas de milhar de anos após o big-bang, a temperatura do universo era tão elevada que, cada vez que um átomo se formasse, seria imediatamente ionizado. Nesta altura havia uma mistura, praticamente homogénea, de núcleos leves (Hidrogénio e Hélio), electrões e fotões. Os fotões da radiação, que preenchiam todo o universo, chocavam constantemente com os “electrões livres” (“livres” dado que não estavam ligados aos núcleos atómicos). O universo, nesse período, era então opaco. Qualquer feixe de luz que se movesse nesse universo muito primitivo e super quente seria absorvido depois de percorrer uma curta distância. No entanto, cerca de 380 mil anos após o big-bang, o universo terá expandido e arrefecido a uma temperatura de cerca de 3000K, o que permitiu que os protões capturassem os electrões e formassem átomos neutros, na chamada era da recombinação. Os fotões com menor energia deixaram de ser capazes de arrancar os electrões aos protões. A radiação electromagnética podia agora viajar durante milhões e milhões de quilómetros sem ser absorvida. O universo tornou-se transparente. Hoje, cerca de 13.7 mil milhões de anos depois, esses fotões, “libertados” na época da recombinação, são os resquícios da “bola de fogo inicial” que preenchem todo o cosmos e que constituem a radiação cósmica de fundo. A radiação cósmica de fundo pode ser detectada na região das microondas do espectro electromagnético. Olhando para qualquer zona do céu, o sinal é praticamente idêntico seja qual for a direcção da observação. Esta isotropia sugere que a radiação cósmica de fundo é um “mar de radiação” que preenche uniformemente todo o espaço. Sem nos apercebermos, se sintonizarmos a televisão numa frequência entre dois canais, 1% da estática que vemos corresponde à radiação cósmica de fundo. O espectro da Radiação Cósmica de Fundo segue uma distribuição espectral de Planck para uma temperatura de cerca de 2.7K

domingo, 2 de março de 2008

The Raven - Parte I



O Clássico de Edgar Alan Poe traduzido por Fernando Pessoa em 1924:

O CORVO

Numa meia-noite agreste, quando eu lia, lento e triste,
Vagos curiosos tomos de ciências ancestrais,
E já quase adormecia, ouvi o que parecia
O som de alguém que batia levemente a meus umbrais.
"Uma visita", eu me disse, "está batendo a meus umbrais.
É só isto, e nada mais."

Ah, que bem disso me lembro! Era no frio dezembro
E o fogo, morrendo negro, urdia sombras desiguais.
Como eu qu'ria a madrugada, toda a noite aos livros dada
P'ra esquecer (em vão!) a amada, hoje entre hostes celestiais -
Essa cujo nome sabem as hostes celestiais,
Mas sem nome aqui jamais!

Como, a tremer frio e frouxo, cada reposteiro roxo
Me incutia, urdia estranhos terrores nunca antes tais!
Mas, a mim mesmo infundindo força, eu ia repetindo:
"É uma visita pedindo entrada aqui em meus umbrais;
Uma visita tardia pede entrada em meus umbrais.
É só isto, e nada mais."

E, mais forte num instante, já nem tardo ou hesitante,
"Senhor", eu disse, "ou senhora, de certo me desculpais;
Mas eu ia adormecendo, quando viestes batendo
Tão levemente, batendo, batendo por meus umbrais,
Que mal ouvi..." E abri largos, franqueando-os, meus umbrais.
Noite, noite e nada mais.

A treva enorme fitando, fiquei perdido receando,
Dúbio e tais sonhos sonhando que os ninguém sonhou iguais.
Mas a noite era infinita, a paz profunda e maldita,
E a única palavra dita foi um nome cheio de ais -
Eu o disse, o nome dela, e o eco disse os meus ais,
Isto só e nada mais.

Para dentro então volvendo, toda a alma em mim ardendo,
Não tardou que ouvisse novo som batendo mais e mais.
"Por certo", disse eu, "aquela bulha é na minha janela.
Vamos ver o que está nela, e o que são estes sinais.
Meu coração se distraia pesquisando estes sinais.
É o vento, e nada mais."

Direita ou Esquerda?

"Entra de rompante e espera por ser chamado. Chamado a fazer o quê? Traduzir textos? Apanhar pielas? Acreditar em almas e demónios? Pisa a estrada de uma vez e reflecte sobre as opções que dispõe. Bem, esta é melhor que aquela porque é parte do que sou, aquela leva-me a fazer aquilo que julgo ter sentido falta, mas a outra… a outra não tem nada a ver com estas duas. Terei ficado para trás à procura de periscas? Talvez seja melhor pensar no errático discernimento da razão e optar por fazer o contrário. A questão é saber quando é que ele está certo ou não. Pensando bem, o termo errático deixa-nos esperança quanto à validade da premissa, em comparação com o erro que é inexoravelmente implacável e não dá sequer espaço a circunlóquios cognitivos. Parece-me no entanto desnecessário este acervo de meditações, uma vez que a essência do erro já o deixa à parte de qualquer leque de opções dúbias que tenha à escolha, a menos que este seja desconhecido e pratique a razão da razão desconexa. Em termos práticos tudo se resolve com putas e vinho verde, mas não me desagrada a ideia de poder tomar decisões sem ambos.”