sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

CUBO MÁGICO


Em 1982, cerca de um oitavo da população mundial vivia intensamente obcecada por um pequeno objecto multicolor: o Cubo Mágico.

Foi em 1974 que o arquitecto húngaro Ernõ Rubik idealizou e construiu um cubo constituído por cubos mais pequenos, agrupados em camadas rotativas independentes. Para Rubik, tratava-se de um mero passatempo, uma forma de exteriorizar a paixão que desde muito cedo nutria pela relação entre as formas geométricas e o espaço tridimensional.Contudo, o fascínio pela infinidade de movimentos possíveis no objecto que criara rapidamente deu lugar à incredulidade, já que, por mais que tentasse, Rubik não conseguia voltar a colocar as faces do cubo na posição inicial - pela primeira vez, o génio via-se preso num enigma da sua própria autoria e precisou de um mês de intensa análise e experimentação para regressar ao ponto de origem. Impressionado, viu no cubo um instrumento de treino mental aliciante para o grande público.

Cubo Mágico foi lançado na Hungria em 1977, mas o seu potencial só se revelou quando o emigrante Tibor Laczi o exibiu dois anos depois na Feira de Brinquedos de Nuremberga. Laczi limitou-se a percorrer o recinto com o Cubo na mão, atraindo uma multidão de curiosos. Assim que o empresário os desafiou a deixar todas as faces com uma só cor, depressa a simples curiosidade se transformou num frenesim de entusiasmo.Em poucos meses, o Cubo Mágico espalhou-se por todo o planeta a um ritmo alucinante, fazendo de Rubik o primeiro milionário empresarial socialista e preparando a Hungria para a abertura económica ao Ocidente. Numa questão de três anos, uma em cada três pessoas na Europa e nos EUA tinha pelo menos um Cubo Mágico em casa, se bem que muitas vezes despedaçado depois de horas, semanas ou até meses de frustração.

26 cubinhos, 54 faces e 6 cores distintas constituem o mistério do Cubo de Ernõ Rubik, pois apenas uma e uma só das 43 252 003 274 489 856 000 posições giratórias possíveis corresponde à chave do quebra-cabeças. Mesmo que o Cubo fosse manipulado aleatoriamente uma vez por segundo, apenas se conseguiria obter um Cubo Mágico perfeito em cada 300 anos.É este desafio matemático que ainda hoje incentiva estudiosos de todo o mundo a explorar os segredos da obra-prima de Rubik. Um dos maiores enigmas continua a ser o menor número de movimentos possíveis para se resolver qualquer configuração do Cubo. A resposta provisória para este "número de Deus" (pois só uma entidade superior seria capaz de tal eficácia) é 26, depois de 63 horas de cálculos de um computador especificamente projectado para a tarefa. Suspeita-se que o número real deverá ser ainda menor.

Um comentário:

André disse...

Rasto Perdido soma e segue! Este cubo é demais, mas vale mais pintá-lo de duas cores por que já não tenho 300 anos pela frente.