terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

Gnomos no luar que faz selvas

Gnomos no luar que faz selvas
As florestas sossegadas,
Que sois silêncios nas relvas,
E em aléas abandonadas
Fazeis sombras enganadas,

Que sempre se a gente olha
Acabastes de passar
E só um tremor de folha
Que o vento pode explicar
Fala de vós sem falar,

Levai-me no vosso rastro,
Que em minha alma quero ser
Como vosso corpo, um astro
Que só brilha quando houver
Quem o suponha sem ver.

Assim eu que canto ou choro
Quero velar-me a partir.
Lembrando o que não memoro,
Alguns me saibam sentir,
Mas ninguém me definir.

-Fernando Pessoa-


Um comentário:

Alexandre Loureiro disse...

Não sabia que o Fernando Pessoa também via o "David el Gnomo" na TVE. Para quem não se lembra, aqui fica:
http://www.youtube.com/watch?v=HZ7Oqr2Ur5U
Ahhh... Velhos tempos em que nas manhãs de Sábado era o primeiro a acordar lá em casa para ver 5 horas seguidas de bonecada. E quando não me agradavam os que passavam na RTP (nunca gostei daqueles "desenhos animados" com pessoas de carne e osso, por exemplo. Aqueles do Duende Verde eram horríveis!) mudava para a espanhola e o "David el Gnomo" era o meu favorito. Aliás, meu e de um outro ilustre lamecense, já que numa famosa expedição a Penedono, por entre a inefável busca dessa entidade mitológica que é o "Grilo Azul de Sernancelhe", fizemos questão de o homenagear de forma, eu diria, grotesca...