domingo, 4 de maio de 2008

Cá por cima tudo bem!

“Parece-me cedo, mas já é tarde... até demais! Desconheço a razão, mas odoro seguir o meu instinto. Fui traído e humilhado! Vou-lhe mostrar como me é insignificante, como respiro melhor longe dele. Vou-lhe lembrar dia após dia que a mudança aconteceu, que hoje não é apenas o amanhã de ontem, mas o início de um calendário novo e inventado por mim. Cada idade merece a sua nalgada e ele leva umas quantas em atraso. Só uma mente pequena de ser inferior, primata primário e subdesenvolvido, equídeo de crina curta, podia voltar com o zurro atrás. Olho-te do meu pedestal, irónico, sarcástico, zombo de ti a cada hora, cínico e mordaz. A minha soberba vai-te vexar impune, achincalhar mais e mais. Vais remoer-te, atormentado, desesperado, vais suplicar, empedernido, para que tudo volte ao que era, para que não mais percas a lucidez. Vais sofrer porque posso, porque quero, até quando me apetecer e desde que olhes nesta direcção. Tudo isto porque não representas nada para mim.”

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